A sedução e o corpo da mulher através
dos séculos*
Por Gabriel Barbosa Rossi**
Temos uma visão bem
clara do corpo feminino como uma das maiores maravilhas da natureza. Tudo que
parte de uma mulher é belo. A vemos como mãe, companheira, amiga. Sabemos que a
beleza da vida começa ali, naquele corpo que é capaz de, por nove meses,
carregar outra vida e trazê-la ao mundo.
Além de tudo isso,
também temos padrões de beleza, impostos pela mídia, propagados de boca a boca
e ideia a ideia. Mulheres são discriminadas por estarem a cima do peso ideal.
Ideal pra quem? Por ter um cabelo de tal tipo que não considerado bonito.
Bonito pra quem? Vê-se, assim, como a sociedade tenta impor ao indivíduo, algo
que foi construído coletivamente por um padrão individual. Apesar de tantas
advertências, preconceitos e julgamentos, a mulher sempre se fez bela, nasceu
bela, e ninguém pode tirar isso dela.
O que entendemos hoje
por sedução e o que podemos chamar de libertinagem?
Voltando séculos
atrás. Quando a igreja/religião cobriu o corpo da mulher, o pudor se acentuou;
deixando então a mulher longe do
próprio corpo, ela própria começa a se rejeitar e a se ver como objeto de
pecado puro. Nesse ponto, o sexo é demonizado, a vagina só tem uma finalidade:
reprodução. O verdadeiro tesouro da natureza e o símbolo da maternidade (seios,
só depois), não pode ser relativo a prazer. A mulher foi criada para gerar
outra vida, ela não pode usar dessa experiência para satisfação própria. Prazer
é pecado e pecado é igual a inferno.
O útero tinha como
principal característica pelos ditos “médicos” da época, ser algo amável e que
conseguia atrair para si o prazer masculino, aproximando-se do pênis por um
movimento precipitado, extraindo então sua semente para que a procriação fosse
concebida. Com essa metáfora, uma bela e romântica visão da penetração, até faz
parecer que essa ideia de sexo apenas para procriar, seja absolutamente linda.
Entretanto, nem todas
as ideias era semelhantes essa, existiam comparações entre mulheres e animais,
no caso fêmeas, óbvio – comparações que diziam que as fêmeas dos animais fugiam
após o coito, já as mulheres não, pois elas aderiam a pratica para o deleite
próprio, e não em beneficio da natureza e da propagação da espécie. Assim, a
igreja identifica as mulheres como o mal sobre a terra, desde Eva.
O corpo feminino era
considerado impuro. Veja: fluxo menstrual, placenta, líquido amniótico,
secreções e dores do parto, pêlos púbicos. O que era mais ridículo, mas se
formos considerar o pensamento da época, não dá pra falar muita coisa.
A depilação na época
considerada algo apenas para pessoas consideradas descentes, assim. Ter pêlos
púbicos era considerado erótico, era pecado. Depilar-se tirava todo o erotismo
das partes íntimas, na época pentear e cachear (por incrível que pareça) os
pêlos púbicos era algo apenas para prostitutas, afinal elas precisavam enfeitar
o que era considerado mercadoria. Ou seja, para sedução, nada de depilação.
A mulher também foi
considerada um grande mal apenas por sorrir, não há nada mais belo que um
sorriso feminino. O homem sempre buscou descobrir qual era a causa de seu
sofrimento, desde Eva, ele acredita que a culpa é da mulher, e agora, como não
desconfiar de algo, ou ser, cujo maior perigo, consistia num belo sorriso?
Em 1559 temos uma
descoberta fascinante feita por Renaldus Colombo: O clitóris. Segundo Colombo,
ele havia descoberto a fonte do prazer feminino, porém, sempre porém, o
clitóris na época, não foi considerado isso não. O clitóris foi considerado um
“mini pênis”, o que só indicou para os fantasiosos e cientistas do período que
a mulher e o homem tinham também os mesmo genitais – “comprovando”, por algum
tempo, os estudos do século II de Galeano, que indicavam que a mulher não
passava, no fundo, no fundo, de um homem com problema na formação dos órgãos
genitais.
Assim, a vagina era
um pênis ao avesso, o útero uma bolsa escrotal, ovários eram testículos. Ou
seja, homossexualidade não existe, afinal somos todos apenas um sexo. Claro,
segundo a lógica de Galeano.
A mulher de
antigamente se cobria ao máximo. Isso tornava qualquer parte do corpo exposta
um belo ponto erótico, até mesmo um tornozelo. A mulher se faz bela, se ninguém
permite isso, a sociedade, mesmo não querendo, permitirá, como no caso do
tornozelo. Os olhares mudam, a sedução aparece em vários lugares mínimos.
Quando aparecem as
maquiagens, embelezamentos do rosto com pós e tintas brancas e vermelhas, com
os cuidados da beleza do rosto, começa a história da higiene e por fim as
roupas dentro do conceito da moda e do erotismo. Por que insistem em cobrir o
que de fato é o maior objeto de desejo masculino? Por sedução. O pudor só aumentava
a sedução; o pudor é a sedução.
Referência: Mary Del Priore
http://www.cafecomsociologia.com/2013/11/a-seducao-e-o-corpo-da-mulher-atraves.html
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