terça-feira, 24 de setembro de 2013

SOCIOLOGIA/EBA



Essa parte do blog é dedicada aos alunos do eja 1ª e 2ª fases do EBA

Aqui vocês encontrarão as matérias dadas em sala, apostilas, textos, exercícios extras, estudos dirigidos e muitas outras coisas que  ajudarão VCS a entender melhor a sociologia.
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"Só desperta paixão de APRENDER, quem tem paixão de ENSINAR

Subprojeto: O mundo árabe

 Escola Municipal Iracy da Silva Almeida (ISA)

Subprojeto: O mundo árabe

Desenvolvido pela professora :
Cleonice Soares Rodrigues da Cruz – história e  Geografia
Turmas: 9º ano A e B
Objetivos 
- Pesquisar a cultura árabe para confrontá-la com a atual. 
- Pesquisar e conhecer as principais características da cultura árabe (arquitetura, moradia, vestuário, culinária, tradições e costumes, diferentes pessoas da sociedade). 
- Pesquisar e conhecer a vida no deserto (animais, vegetação, habitat, beduínos). 
- Conhecer a influência dessa cultura em nosso país. 
Conteúdos 
- Cultura árabe. 
- Procedimentos de pesquisa - coletar informações em diferentes fontes de pesquisa (livros, vídeos, postais, obras de arte, jornais, revistas). 
- Produzir textos informativos com a professora sendo a escriba. 
- Organizar e registrar informações através de desenhos e pequenos textos de escrita espontânea. 

Tempo previsto : 3º bimestre/2013






Materiais necessários 
- Vídeos informativos 
- Mapa Mundi 
- Almanaques, livros, revistas, lendas, contos, obras de arte, revistas de turismo 
- Músicas árabes 
- Pedaços de tecido para confecção de figurinos 

Avaliação 
Ao final do projeto espera-se que o aluno  seja capaz de: 
- Compartilhar com os colegas as ideias que já têm sobre o assunto, advindas das histórias que já conhecem e dos conhecimentos de cada um. 
- Buscar, relacionar, valorizar e saber fazer uso das diferentes fontes de pesquisa e informações utilizadas ao longo do projeto. 
- Fazer uso da oralidade para explicar o que aprendeu. 


Conclusão:
No último dia 19 de setembro, os alunos das turmas do 9º A e B entraram no clima do mundo árabe, e tiveram a oportunidade de conhecer os costumes e os fascínios dessa cultura.
Além de trazer um pouquinho do mundo árabe para sala de aula,  alguns alunos vestiam-se a caráter, o que enriqueceu ainda mais esse momento, além disso, saborearam os quitutes árabes preparados por eles o que contribuiu imensamente para que aquela manhã agradável se transformasse em um momento de grande riqueza cultural e aprendizado.



seguem abaixo fotos do evento vale a pena conferir!









quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Ásia: suas divisões internas




O maior continente do mundo possui uma divisão bem diferenciada. São seis regiões que compõem a Ásia, delimitando as áreas geoeconômicas do continente asiático: Ásia Central, Extremo Oriente, Norte da Ásia, Oriente Médio, Sudeste Asiático e Sul da Ásia.
Ásia Central: Situada na região central da Ásia, esta área não possui ligação com nenhum oceano, portando essa fator condiciona esses países a um grande limite exportador e menores chances de se classificarem como países exportadores da Ásia, até porque suas economias são instáveis e relativamente as mais fracas deste continente. Problemas políticos, econômicos e culturais fizeram desta região da Ásia uma área muito isolada do mundo. Fazem parte desta região o Cazaquistão, Usbequistão, Turcomênia, Quirguízia, Tadjiquistão e Afeganistão. Mas, este último país fez com que o mundo norteasse sua atenção para o território afegão, em virtude dos ataques terroristas iniciados no dia 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos. A partir deste momento o mundo quis saber que nações formavam esta região inóspita da Ásia e de que maneira poderia se chegar até o Afeganistão para contra-atacar os terroristas que se escondem e dominavam o Afeganistão. Em consequência, estes países ganharam grande importância para o mundo ocidental, tornando essa região uma importante área geoestratégica.
Extremo Oriente: Composto por países com grande semelhança cultural, China, Coréias (Coréia do Sul e Coréia do Norte) e Japão formam o Extremo Oriente asiático. Estabelecido como uma das regiões mais ricas do mundo, em função do Japão ser a segunda maior potência econômica mundial, esses países estão passando por profundas modificações. A China está fazendo a grande abertura do seu mercado interno, que possui a maior população do planeta (consumidores) que é de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. As Coréias (Coréia do Sul e do Norte) estão em fase de reunificação territorial, econômica e cultural, depois de décadas separadas. E o Japão está numa grave crise econômica para um país desenvolvido economicamente, onde gera recessões em seu mercado interno e nas suas exportações. Esta região ocupa uma grande área da Ásia e é caracterizada por apresentar desde desertos, como o de Gobi (China), até vulcões, como o Fuji (Japão).
Norte da Ásia: Com a maior área territorial das regiões asiáticas, o Norte da Ásia é composta por dois países apenas: a Rússia (parte asiática) e Mongólia. A primeira nação é amplamente conhecida no mundo todo, principalmente depois da 2ª Guerra Mundial, quando seu nome era URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). Atualmente a Federação Russa ou Rússia representa como grande nação do mundo, em todos os sentidos, pois já fez frente com os Estados Unidos na questão econômica e militar. Enquanto que a Mongólia é um país muito desconhecido do mundo, pois não apresenta grande importância econômica para o globo.
Oriente Médio: Esta região é muito marcada pelos conflitos entre muçulmanos e judeus, principalmente em Israel, mas também possui conflitos entre os próprios muçulmanos (sunitas contra xiitas). Todos os países desta região são da cultura islâmica, com exceção de Israel (Estado judeu) e isso levou ao fato de ocorrer inúmeros conflitos e guerras. Arábia Saudita, Iêmen, Omã, Emirados Árabes Unidos, Qatar, Bahrain, Kuwait, Iraque, Irã, Turquia, Síria, Chipre, Líbano, Jordânia e Israel são os países que compõem esta região. Os últimos conflitos mais intensos são entre os palestinos e judeus na Cisjordânia, Faixa de Gaza e Colinas de Golã (áreas israelitas contestadas). Com uma história de mais de 3 mil anos, o Oriente Médio sempre foi palco e centro de interesse dos povos em diversas épocas, seja por interesses religiosos (culturais) ou econômicos (petróleo), pois esta região é o berço de três grandes religiões do mundo (cristianismo, islamismo e judaísmo) e é o maior produtor de petróleo e gás natural do globo.

Sudeste Asiático: Localizado na península da Indochina e nas milhares de centenas de ilhas que formam diversos arquipélagos, essa região é caracterizada por apresentar grandes diferenças sócio-econômicas ao longo de seu território. O Sudeste Asiático é composto pelos países: Mianma, Tailândia, Laos, Vietnã, Camboja, Malásia, Cingapura, Filipinas, Indonésia e Brunei. Muitas nações provêm de governos ditatoriais e por consequência disto estão atrasados em sua economia. Por outro lado, observar-se países em processo de desenvolvimento econômico, como é o caso da Cingapura, Malásia e Tailândia, sendo chamados de Tigres Asiáticos, mas ainda possuem inúmeros problemas sociais. Esses países também são conhecidos por terem mão-de-obra barata, o que levou a estas nações muitas empresas multinacionais estabelecerem filiais de produção.
Sul da Ásia: Formada pela Índia, Paquistão, Maldivas, Nepal, Butão, Bangladesh e Sri Lanka o Sul da Ásia é caracterizada por grandes problemas sociais, onde sua população sofre por diversas consequências da economia local e pela má distribuição de renda nestes países. A numerosa e crescente população do Sul da Ásia condiz a esta realidade, a Índia, por exemplo, será daqui alguns anos o país mais populoso do mundo, pois seu ritmo de crescimento vegetativo não para de aumentar. Dentre todas as nações desta região, a Índia é a que possui maior volume em sua economia, enquanto que as outras nações estão mergulhadas em grandes crises sócio-econômicas. A região também é atingida pelo efeito atmosférico natural chamado Monções, que transforma a área do sul da Índia e Bangladesh durante o inverno (seco) e verão (úmido), causando nesta última estação inúmeras enchentes. O Sul da Ásia também é amplamente conhecido em todo o mundo por possuir uma das maiores e mais impressionantes cordilheira do globo, o Himalaia. Nesta cadeia de montanhas localiza-se o pico Everest, com 8.848 mil metros de altitude, o ponto mais alto do mundo.
Ásia Central
Afeganistão, Casaquistão, Quirguízia, Tadjiquistão, Turcomênia e Usbequistão
Extremo Oriente
China, Coréia do Norte, Coréia do Sul e Japão
Norte da Ásia
Mongólia e Rússia
Oriente Médio
Arábia Saudita, Bahrain, Chipre, Emirados Árabes Unidos, Iêmen, Irã, Iraque, Israel, Jordânia, Kuwait, Líbano, Omã, Qatar, Síria e Turquia
Sudeste Asiático
Brunei, Camboja, Cingapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianma, Tailândia e Vietnã
Sul da Ásia
Bangladesh, Butão, Índia, Maldivas, Nepal, Paquistão e Sri Lanka



História - Movimento Divisionista



A resistência sul-mato-grossense é uma das peculiaridades que entremeiam a história de Mato Grosso do Sul.O movimento divisionista tem sua origem nos fins do século XIX, 1889, quando alguns políticos corumbaenses divulgam um manifesto.A sistematização da pecuária, o desenvolvimento sócio-econômico das vilas e cidades, a exploração da erva-mate pela Companhia Matte Laranjeira e a ligação entro o Sul de Mato Grosso e São Paulo, marcaram a origem do movimento divisionista que foi dividido em quatro grandes fases:




Primeira fase (1889-1930) - há formação das oligarquias sul-mato-grossense que lutam pelo reconhecimento da posse da terra. É nessas lutas, que se manifesta à idéia divisionista. As oligarquias sulinas, nas lutas políticas, uniram-se às oligarquias de Cuiabá e através dessa aliança fizeram oposição armada ao governo estadual e a Matte Laranjeira. Percebe-se, neste período, que era a elite, formada pelos fazendeiros que defendiam a idéia divisionista.A partir de 1920, as oligarquias sulinas aliam-se aos militares e adotam sugestões de outros movimentos vindos de fora do Estado como forma de fortalecer a causa local. A este fator é somada a regularização das viagens ferroviárias que propiciaram a chegada de novos migrantes, a vinculação do sul de Mato Grosso com a economia paulista, o conseqüente desenvolvimento das cidades exportadoras de gado e a transferência do eixo econômico. Esse quadro, de novos fatores de ordem sócio-econômica e política, traz significativas mudanças no movimento divisionista, o qual extrapola ervais e atingem as cidades exportadoras de gado. É o início da urbanização do movimento.

Segunda fase (1930-1945) - o movimento começa a organizar-se; as lutas armadas são substituída por pressões políticas junto ao Governo Federal. Em 1932, os sul-mato-grossense aliam-se aos paulistas e lutam na Revolução Constitucionalista. Neste confronto armado os divisionistas e constitucionalistas são derrotados, e o novo Estado desaparece. Essa resolução serviu para divulgar a idéia divisionista e Campo Grande torna-se o centro político de difusão do movimento.Em 1934, o Congresso Nacional elabora uma nova Constituição. Jovens estudantes fundam a Liga Sul-Mato-Grossense que desencadeia a campanha divisionista no sul de Mato Grosso, coletando Treze Mil assinaturas, com as quais visava sensibilizar os Constituintes para que eles aprovassem a divisão do Estado de Mato Grosso.Os divisionistas são derrotados, e Getúlio Vargas adota a política nacionalista "Marcha para o Oeste", a qual visava a segurança das fronteiras. Para isso mandou instalar novas unidades militares no Sul de Mato Grosso.
Em 1943, Getúlio Vargas cria o Território de Ponta Porã que não atendeu aos interesses divisionistas, não satisfez a política da Companhia Matte Laranjeira e não agradou ao governo estadual.A política de Getúlio Vargas foi um dos grandes obstáculos aos objetivos divisionistas.

Terceira Fase (1945-1964) - O novo Presidente da República é o General Eurico Gaspar Dutra, mato-grossense de Cuiabá, adotou uma política de redemocratização. Em 1946 o governo federal extingue o Território de Ponta Porã reintegrando a região ao Estado de Mato Grosso.Nesse período as iniciativas divisionistas são frustradas e a Companhia Matte Laranjeira mostra desinteresse em reflorestas os ervais.

Quarta Fase (1964-1977) - O golpe de 31 de março de 1964 põe fim a um período de democracia e inicia um regime militar autoritário. Os militares adotam a política do desenvolvimento com segurança.
Nesse período, os políticos divisionistas aproximam-se dos militares e estudam (secretamente) as potencialidades políticas que impediam a divisão de Mato Grosso. Após vários estudos, o Presidente Ernesto Geisel assina em 11 de outubro de 1977 a Lei Complementar de nº 31 que cria o Estado de Mato Grosso do Sul.

Movimento divisionista de Mato Grosso



O Sul de Mato Grosso até o início do século XVIII, quando ocorre a descoberta de ouro em Cuiabá, é uma região banhada por índios e paraguaios remanescentes das missões jesuítas espanholas. Os espanhóis, no século XVI, introduzem o gado no Sul de Mato Grosso e iniciam a exploração e a comercialização da erva-mate. Algumas tribos indígenas, entre elas, os Guaicuru, aprendem com os espanhóis a usar o cavalo como montaria e o manejo do gado, tornam-se cavaleiros e são os primeiros fazendeiros sul-mato-grossenses.A prosperidade das minas de ouro cuiabanas leva a coroa portuguesa a criar a Capitania de Mato Grosso, em 1748, e a assinar, com a Espanha, o Tratado de Madri, em 1750. Após estes dois fatos, os portugueses procuram tomar posse do Sul de Mato Grosso, construindo fortes e presídios no Vale Paraguaio. Assim, além de assegurar a Cuiabá o acesso aos grandes centros econômicos e políticos, rechaçam, também, a expansão espanhola que colocava em risco a posse das minas de ouro de Cuiabá.
A exploração de minas de ouro em Cuiabá permite a intensificação do trânsito das bandeiras paulistas no Sul de Mato Grosso. Entre as rotas fluviais utilizadas por estas bandeiras está a do Rio Pardo. Dois dos afluentes do rio Pardo e que são explorados pelos bandeirantes, no século XVIII, são o Anhanduí-Guaçu e o rio Anhanduí, este último formado pelos córregos Prosa e Segredo. Isto evidencia a presença dos descendentes dos portugueses nos campos, onde mais tarde surge o povoado de Campo Grande.
No século XIX, a decadência das minas de ouro de Cuiabá, de Minas Gerais e outras localidades provocam nestas Províncias instabilidades políticas e econômicas. Estes fatores possibilitam a migração de cuiabanos, goianos, mineiros, paulistas e gaúchos para o sul de Mato Grosso. Estes novos bandeirantes vêm atraídos pela fertilidade do solo, pela grande quantidade de gado bovino nos campos de Vacaria e Pantanal, e fundam núcleos populacionais ou reativam outros.
Após a Guerra com o Paraguai intensifica-se a migração para o Sul de Mato Grosso. Em 1872, José Antônio Pereira acompanhado de dois filhos e mais alguns homens saem de Monte Alegre, Minas Gerais, de onde outros já haviam saído, rumo às terras do Sul de Mato Grosso. Atravessam o rio Paranaíba, penetram o Sul de Mato Grosso, passando por Sant’Ana do Paranaíba e pelo rio Sucuriú, transpõem os cerradões do rio Pardo, e acampam nas terras onduladas da Serra de Maracaju.
José Antônio Pereira encontra, nesta região, o poconeano João Nepomuceno e algumas famílias camapuanas fixadas ao longo do córrego Prosa, onde cultivavam suas roças. O que chama a atenção de José Antônio Pereira, é o viço do milharal e outros cereais cultivados por esses posseiros. Inspeciona o lugar e constata a fertilidade do solo, a amenidade do clima, a existência de boas pastagens e boa aguada. Esses fatores convencem José Antônio Pereira a não prosseguir viagem e iniciar uma roça a exemplo dos demais posseiros destes campos.
No início do ano seguinte, José Antônio Pereira regressa a Minas Gerais, de onde retornaria três anos depois, com toda a sua família e alguns agregados, sendo a comitiva composta de sessenta e duas pessoas.
Durante a ausência de José Antônio Pereira, permanece como guardião de sua roça, João Nepomuceno. Em junho de 1875 chega aqui outro mineiro, Manuel Vieira de Souza, que veio com seus antecessores de mudança para Campos de Vacaria, em companhia de seus familiares e alguns escravos.
João Nepomuceno procura se informar do recém-chegado, se ele tinha notícia de José Antônio Pereira, não obtendo a informação desejada e desesperançado do seu retorno, dado o longo tempo decorrido, negocia com Manuel Vieira de Souza a transferência de posse, não sem antes ressaltar os direitos de José Antônio Pereira. Em agosto de 1875 chega a Campo Grande José Antônio Pereira, conduzindo sua expedição composta de onze carros mineiros, os quais, além das provisões necessárias aos primeiros tempos, traziam também sementes, mudas diversas, inclusive cana-de-açúcar e café. Em seguida à sua chegada José Antônio Pereira se entende com Manuel Vieira de Souza, e se juntam para organizar a ocupação de Campo Grande.A história oral admite que José Antônio Pereira não é o primeiro desbravador a instalar moradia na confluência dos córregos Prosa e Segredo, ela aponta, também, a existência de uma comunidade negra, no Cascudo, hoje Bairro São Francisco, contemporânea a chegada dos primeiros desbravadores descendentes dos portugueses. Entretanto, esta mesma história oral reconhece que José Antônio Pereira, falecido em 1900, influenciou nos primeiros tempos a sistematização da ocupação do povoado. Ele dirigiu e orientou as demarcações das posses, procurando harmonizar os interesses daqueles que pretendiam se fixar no vilarejo.
Entre as demarcações efetivadas por José Antônio Pereira destacam-se: fazenda Bom Jardim, ele reserva para si; fazenda Bandeira, para seu filho Joaquim Antônio; fazenda Lageado para Manuel Vieira de Souza; fazenda Três Barras para seus genros, Antônio e Manuel Gonçalves; e fazenda Bálsamo, legada a seu filho Antônio Luiz.
A sede da fazenda Bálsamo é construída em 1880, formada originalmente de três edificações. Este conjunto arquitetônico é, hoje, o Museu José Antônio Pereira, um dos poucos documentos da época da fundação de Campo Grande.As ações de José Antônio Pereira estimulam a fixação, em Campo Grande, de outros desbravadores que estavam em busca de novas terras e prosperidade para si e seus familiares.Em pouco tempo Campo Grande adquire características de um vilarejo em franco desenvolvimento. As qualidades do lugar, ou seja, a fertilidade do solo e a facilidade de se conseguir terra para instalar suas fazendas, atraem outros migrantes vindos das diferentes Províncias.
A implantação do povoado em Campo Grande ocorre nas encostas da Serra de Maracaju, local cujo relevo se comporta como um grande plano inclinado, onde a altitude varia entre 500 e 600 metros. O território escolhido é delimitado pelas latitudes 20º13’N e 21°34’S e as longitudes 53°36’E e 54°54’45”O do meridiano de Greenwich. Situa-se bem na divisa entre as duas grandes bacias hidrográficas Paraná e Paraguai. Esta sua posição geográfica faculta-lhe a condição de encruzilhada dos caminhos utilizados no início pelos desbravadores, depois como meio de comunicação com os diversos povoados do Sul de Mato Grosso. É também, uma das passagens rumo ao Triângulo Mineiro e Oeste Paulista. A localização geográfica de Campo Grande é um fator que ao longo de sua história, a privilegia como centro irradiador do desenvolvimento socioeconômico e político da região sul mato-grossense.O desenvolvimento de Campo Grande não tardou em polarizar as atenções dos fazendeiros dos Campos de Vacaria e de todo o planalto de Maracaju, transformando o arraial em entreposto comercial de gado entre o Triângulo Mineiro e todo o Sul de Mato Grosso. Esta atividade econômica se fazia cada vez mais intensa, Campo Grande revela-se no Sul de Mato Grosso no mais ativo centro de comércio de gado.No início de 1889, o mestre-escola José Rodrigues Benfica, gaúcho e ex-combatente da Guerra com o Paraguai, atendendo o apelo de alguns cidadãos do arraial, funda a primeira escola do lugar. Coube a este professor, falecido em 1905, a responsabilidade de educar a primeira geração de campo grandenses.Este melhoramento se junta a outros, os quais levam o governo da província de Mato Grosso, através da Lei Provincial n°792, de 23 de novembro de 1889, a criar no município de Nioaque o distrito de Paz de Campo Grande. E dez anos depois, a Lei n. 225, de 26 de agosto de 1899, eleva Campo Grande à categoria de vila e determina a criação do Município, desanexando-o da comarca de Nioaque. O município, inicialmente, conta com uma área superior a 100 mil km², estendendo-se entre os rios Aquidauana, Brilhante, Ivinhema, Paraná e o Verde, até às suas cabeceiras, compreendendo os municípios de Rio Brilhante, Bataguassu, Ribas do Rio Pardo, Rochedo, Terenos, Sidrolândia, Jaraguari e parte de Camapuã. O desenvolvimento sócio-econômico do sul de Mato Grosso propicia, gradativamente, a fragmentação desta imensa área que constituía o município de Campo Grande. Nos fins de 1909, por determinação do Presidente do Estado Coronel Pedro Celestino Corrêa da Costa, se fez a demarcação das terras para a sede da cidade, cuja área era de 3.600 hectares.Dois anos antes dessa determinação de Pedro Celestino, em 1907, chegam a Campo Grande, a serviço da Companhia de Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, o engenheiro Emílio Schcnoor e sua comitiva. Vieram estudar o terreno e definir o traçado da ferrovia.
O contrato assinado entre o governo federal e a Companhia de Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, permite a esta companhia interferir na estruturação de área urbana, elaborando para aquelas cidades situadas no traçado ferroviário, um planejamento para disciplinar a ocupação urbana e sugere às Intendências Municipais, um Código de Postura, no qual, além de estabelecer diretrizes de ocupação, define algumas medidas de higiene e saúde pública. Com isso, as cidades ganham um traçado xadrez onde, além de reordenar a aglomeração existente, prevê a expansão urbana.
Em Campo Grande o planejamento urbano sugerido pela Companhia de Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, estabelece um centro onde se localizam as casas comerciais, residências, sede de alguns órgãos públicos, prevê a criação de bairros, entre eles, o bairro ferroviário que abrigaria o conjunto de serviços e residências de seus trabalhadores. Mais tarde, em 1921,este planejamento permite a expansão da cidade com o surgimento do bairro Amambaí. Este bairro, inicialmente, destinava-se ser ocupado pelas residências e unidades militares da Circunscrição Militar.
Em 14 de outubro de 1914 chega a Campo Grande a comitiva que realizava a inauguração oficial da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.A localização de Campo Grande atendia os objetivos econômicos e estratégicos da Companhia de Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, por isso, a cidade é escolhida para sediar uma Diretoria Regional que atenderia todo o Sul de Mato Grosso. A Companhia além de construir instalações para abrigar seus serviços técnicos e burocráticos, constrói, também, casas para atender todos seus funcionários.A ferrovia provoca o afluxo de imigrantes e migrantes, sendo que entre estes últimos estão os funcionários da Companhia de Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Eles vêm para atender os diferentes serviços e de acordo com os interesses dessa companhia alguns funcionários permanecem definitivamente na cidade, outros são remanejados. Este intercâmbio permite constante renovação de ideias, porque estes funcionários se envolvem com a vida sócio-econômica e política da cidade e do Estado.Após a regularização das viagens ferroviárias, Campo Grande gradativamente centraliza no sul de Mato Grosso, as principais atividades econômicas e políticas. Esta sua condição de entreposto comercial lhe oportuniza outra condição, a de pólo irradiador de ideias.Um outro fator que facilita a divulgação das ideias são os jornais. Os primeiros que circulam em Campo Grande são: “O Estado de Mato Grosso”, junho de 1913, fundado pelo Dr. Arlindo de Andrade Gomes; “A Ordem”, em setembro de 1916; “Correio do Sul”, em março de 1917; “O Sul”, em junho do mesmo ano. Alguns destes jornais pioneiros desaparecem e dão lugar ao surgimento de outros. Todos eles noticiam os acontecimentos políticos locais, tecem críticas à política do governo estadual, e divulgam os acontecimentos sociais. Com a ferrovia, a cidade passa a receber com frequência jornais editados em São Paulo e Rio de Janeiro, desta forma os campo grandenses se inteiram dos acontecimentos ocorridos na capital federal e demais Estados litorâneos.
A regularização das viagens ferroviárias facilita a exportação do gado, madeira e a importação de produtos industrializados, e propicia, também, aos campo grandenses mais conforto nas viagens de negócio e lazer.Após a ferrovia, alguns fazendeiros sul mato grossenses fixam residência em Campo Grande, para melhor dirigir seus negócios e ao mesmo tempo, se inteirar dos acontecimentos políticos locais, estaduais e federais.
A ferrovia favorece a transferência do eixo econômico Cuiabá e Corumbá, através do rio Paraguai, para Campo Grande e São Paulo.Simultaneamente, à regularização das viagens ferroviárias, o governo federal, em 1921, através do Ministério da Guerra Pandiá Calógeras, transfere de Corumbá para Campo Grande, o comando da Circunscrição Militar. Este conjunto congregaria todas as unidades militares sediadas no Estado de Mato Grosso. Campo Grande assume o “status” de capital militar.Os militares trazem de outros Estados novas idéias e experiências políticas. A permanência destes, em Mato Grosso, obedece a critérios e interesses do Comando Militar. Quando concluem a tarefa ou a missão para a qual foram designados, são transferidos para outra localidade dando lugar à vinda de outros. A interação entre militares e campo grandenses, o constante remanejamento destes militares possibilitam a renovação de idéias, permite também, a repercussão e influencia do tenentismo no movimento divisionista. A presença dos militares objetiva manter a ordem e a disciplina no Sul de Mato Grosso, e coibir as manifestações divisionistas.
Em 1930, Campo Grande conta com 12 mil habitantes, está dotada dos principais órgãos administrativos estaduais e federais, Poder Judiciário e outros serviços. O comércio conta com mais de 200 estabelecimentos, três agências bancárias, uma agência de Correios e Telégrafos, vários estabelecimentos de ensino público e privado, iluminação elétrica, abastecimento de água canalizada, telefones e vários clubes recreativos. As propriedades localizadas no município de Campo Grande estão interligadas com a sede através de estradas carroçáveis, facilitando, desta forma, o escoamento da produção destas propriedades. O movimento na estação ferroviária, causado principalmente pela exportação de gado, madeira e outros produtos, e a importação de bens industrializados é intensa, contribuindo para que a arrecadação tributária de Campo Grande seja de 28%, em relação à arrecadação de Mato Grosso.A partir de 1930, Campo Grande, tendo em vista sua importância socioeconômica e política, concentra as discussões sobre a divisão do Estado. Os campo grandenses objetivando apoio para o movimento divisionista, participam, ativamente, da Revolução de 1930, liderada por Getúlio Vargas e da Revolução Constitucionalista de 1932, esta última é uma reação dos paulistas contra o governo ditatorial de Getúlio Vargas. Bertoldo Klinger, comandante da Circunscrição Militar em Mato Grosso e um dos líderes da Revolução Constitucionalista, institui o Estado de Maracaju e nomeia Vespasiano Martins para governador. Este ato eleva Campo Grande à condição de capital político administrativa no novo Estado. A derrota dos constitucionalistas contribui para a extinção do Estado de Maracaju, conseqüentemente, Campo Grande perde o “status” de capital político administrativa.
Esta derrota não arrefece o ânimo dos campo grandenses. Dois anos depois, em 1934, é criada em Campo Grande, a Liga Sul-Mato-Grossense, que inicialmente objetivava angariar apoio dos sul mato-grossenses, para o manifesto que seria encaminhado ao Presidente do Congresso Nacional Constituinte. A Liga coleta 13 mil assinaturas, com isso, ela visava também, sensibilizar o governo federal, particularmente, os Constituintes para que estes ao elaborarem a Nova Constituição, aprovassem a divisão de Mato Grosso.
Getúlio Vargas e os Constituintes não aprovam a divisão do Estado, mas os campo grandenses se mantém fiéis ao movimento divisionista até 1977, quando o Presidente Ernesto Geisel promulga a Lei Complementar n°31 que cria o Estado de Mato Grosso do Sul e Campo Grande é elevada à condição de capital.
Texto extraído da Revista ARCA n. 5 (1995), autoria de Alisolete Antônia dos Santos Weingärtner.